Realizou-se recentemente no Centro Cultural Olga de Cadaval uma Assembleia Municipal dedicada exclusivamente à problemática da saúde.
Foram convidados a participar várias individualidades ligadas a esta área, entre eles um actual e um antigo administrador do Hospital Fernando da Fonseca.
Segundo relato que li na imprensa as declarações desses dois gestores hospitalares são no mínimo polémicas e na minha opinião chegam mesmo a ser chocantes.
Ambos consideram que um novo hospital a construir em Sintra não se justifica, quanto muito uma extensão do Hospital Fernando da Fonseca a operar apenas em serviço de ambulatório.
Camas? Que não, porque não há défice de camas no Amadora - Sintra nem esse hospital está a rebentar pelas costuras.
Pelos vistos tudo corre bem no funcionamento do Amadora-Sintra.
E nós a pensar o contrário, enganados que temos sido pelos relatos que frequentemente ouvimos e lemos na comunicação social.
Curiosamente o senhor administrador que garante que o hospital que administra não está esgotado acabou por afirmar mais à frente que em relação ao serviço de urgência, que chega a ter cerca de 700 doentes diários, se está a “querer meter o Rossio na rua da Betesga”, e “que têm uma porta muito estreita por onde tem de entrar tanta gente ao mesmo tempo”.
Então em que ficamos?
O Serviço de Urgência está congestionado e com uma enorme dificuldade para dar resposta às necessidades urgentes da população que serve mas pretende-se encerrar, entre as 0 e as 8 horas, o Serviço de Urgência Básica de Sintra, a funcionar nas instalações da antiga Messa em Mem Martins. Tem pouca procura, é o que alegam.
Se disponibilizarem ali mais serviços principalmente a especialidade de Pediatria, verão que aumentará significativamente o número de utentes que ali se dirigirão em vez de se deslocarem para o Amadora-Sintra onde esperam longas horas antes de serem atendidos.
Sintra precisa e exige uma nova unidade hospitalar, uma reivindicação antiga dos sintrenses e que já foi prometida várias vezes e várias vezes anunciada pelo Ministério da Saúde, mas que tem sido sistematicamente adiada.
O novo hospital de Sintra já foi prioritário, segundo as palavras de um ministro da saúde recente. Foi, mas agora parece que já não é e de prioritário passou a inútil e dispensável.
Em contrapartida, Cascais, que já tinha um hospital a funcionar foi contemplado com uma nova unidade.
Vai haver em breve um novo hospital em Loures, a inaugurar no próximo ano e outro em Vila Franca de Xira.
Só Sintra, um concelho com perto de 500.000 habitantes não justifica um novo hospital.
Uma extensãozinha articulada ao Fernando da Fonseca em regime de ambulatório, ainda vá, mas um novo hospital,nem pensar.
Que generosos que eles são!
Sintra é o segundo maior concelho deste país e o que mais contribui para encher os cofres do Estado com os impostos que paga mas não tem merecido da parte deste a compensação justa em infraestruturas e equipamentos fundamentais para servir as necessidades da população sintrense, em proporção às receitas que entrega ao sorvedouro público.
É uma inaceitável falta de respeito por parte do governo central para com Sintra.
Estamos fartos de ser preteridos em favor de outros concelhos onde habita gente “muito importante” e com mais influência junto do poder.
Os sintrenses parece que só servem para pagar impostos, mas se punissem com a sua melhor arma, o voto, aqueles que nos desrespeitam, acreditem que outro galo cantaria.
Já que estamos a falar de cuidados de saúde, é pertinente perguntar para quando um Centro de Saúde decente, em Sintra, para substituir o pardieiro onde ele está a funcionar há demasiados anos?
Os sintrenses estão a ser muito maltratados, não pelos médicos nem pelos enfermeiros mas pelos governantes.
Será que, unidos, não teremos a força suficiente para mudar este estado de coisas e obrigar quem nos governa a respeitar Sintra e os seus habitantes?
Claro que temos.
Assim nós queiramos.
Guilherme Duarte