sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

A Comunicação Social em Sintra


Breve resenha da história da comunicação social em Sintra, desde o início do séc. XIX aos nossos dias, apresentada por João Rodil aquando da assinatura do protocolo de parceria entre o Sintra Canal e o Rádio Clube de Sintra.
Vila Alda, 10.02.2011.


1836 – Jornal Semanal do Gabinete de Leitura de Sintra
Jornal manuscrito. Faziam parte do Gabinete nomes famosos como o Duque de Palmela ou Rodrigo da Fonseca Magalhães (que esteve ao lado de Gomes Freire e teve que se exilar, considerado desertor por Beresford. Voltou com a entrada dos liberais na capital. O Duque de Saldanha, na Regeneração, chamou-o para fazer parte do Ministério).

1856 – O Saloio
Já impresso, apenas se conhece o nº 1, de 29 de Outubro.

1884 – Jornal de Vila Verde
Proprietário e redactor João Moreira, era manuscrito. No nº 2, existe um artigo sobre a “Indústria de Cantaria”.

1885 – Jornal de Cintra
Publicou até ao nº 49, semanal, custava 10 reis. No seu nº 47, noticia a chegada a Sintra, à estação de São Sebastião, a primeira locomotiva, houve boda e tudo estava engalanado. Deve ter sido uma experiência, já que o comboio só é inaugurado a 2 de Abril de 1887.


1885 – O Cintrense
Formato pequeno, dizia-se defensor dos interesses morais e materiais dos concelhos de Sintra, Mafra e Cascais. Chegou ao nº 17.


1887 – O Clamor de Cintra
Tendo como director José de Castro, dizia-se independente. No seu 1º número, trazia um artigo sobre o bom andamento das obras da Praça de Touros e a inauguração marcada para o dia 22 de Julho, com uma corrida. A Praça era onde está hoje o Mercado da Estefânia.


1888 – A Bisnaga
Jornal burlesco. Os redactores assinavam N.O. C. U. Mata O. Nariz.

1890 – Gazeta de Cintra
Director José de Sampaio e Castro. De independente, passou a ser, em 1908, “Periódico Monarchico” e, em Outubro de 1910, intitulou-se “Periódico noticioso, literário e agrícola”. Em 1900, notícia sobre o Círio de São saturnino, liderado por Matias del Campo.


1892 – A Folha de Cintra
Proprietário e director A. J. Rodrigues. O primeiro número data de 30 de Junho e o último de 29 de Dezembro. Vida efémera.


1892 - Correio Cintrense
Semanário independente, literário e noticioso.


1893 – Aurora de Cintra
Intitulava-se defensor do Partido Regenerador.


1894 – O Chicote
Conhece-se apenas um número, de 6 de Maio, e tinha como director António Rodrigues da Cunha.


1895 – O Ratão
Jornal com pretensões humorísticas, é mal escrito, com muitos erros. Só se conhecem 2 números.

1896 – Correio de Cintra
Viveu até 1904. Declarava-se filiado no Partido Regenerador. Na edição de 28 de Agosto de 1898, surge uma história curiosa, de um homem que dormia dentro de um caixão. Em Queluz, um homem foi «acometido de uma apoplexia» pelo susto.


1898 – Jornal Saloio
De novo António Cunha como director. Noticiava que “das pedreiras de António Simões Baptista, de Pêro Pinheiro, foi extraída uma grande pedra de liós para fazer o monumento a Afonso de Albuquerque, em frente aos Jerónimos". Durou até Dezembro de 1901.


1898 – O Echo de São Pedro
Número único, comemorativo dos festejos e angariação de fundos para os fardamentos da banda da Soc. União 1º de Dezembro.


1898 – Progresso de Cintra
Era dirigido, igualmente, por José de Sampaio e Castro, o mesmo que, em simultâneo, dirigia a Gazeta de Cintra. O jornal sobreviveu 8 anos.


1908 – Echos de Cintra
Director, o repetente António Cunha. Teve apenas 19 números.


1910 – O Concelho de Cintra
O mesmo António Cunha. Cuidou de homenagear algumas das mais importantes figuras de Sintra da época. António Brandão de Vasconcelos; Gregório Casimiro Ribeiro e Tomé de barros Queirós, entre outros.
No nº 3 noticia um grande jantar da Maçonaria Portuguesa, no Paço de Sintra, oferecido ao Grão Mestre Magalhães Lima.
A 22 de Julho de 1911, artigo sobre a Câmara ter proclamado o dia 29 de Agosto feriado municipal. Dia da morte de Latino Coelho.


1914 – O Penaferrim
Órgão republicano dirigido por Joaquim Rodrigues Ferreira.


1915 – A Árvore
Número único comemorativo da Festa da Árvore.


1919 – A Voz de Sintra
De novo António Cunha. Jornal “republicano evolucionista”, partido liderado por António José de Almeida. Apenas 3 números.

1921 – O Regional
Independente, dirigido por Gregório Casimiro Ribeiro.
No nº 80, Abril de 1923, lagarto apanhado por pastores com 95 cm de comprimento, no Ramalhão. Esteve exposto na papelaria “A Camélia”.
A partir de 29 de Junho de 1923, o jornal passa para a Liga Regionalista do Concelho de Sintra, dirigido por Amílcar de Barros Queirós. Acaba em 1925.


1922 – O Grilo
Grupo Excursionista Alpino. Almoços pantagruélicos nos Capuchos. Retrato de figuras de Sintra, sócios do Grupo. Acabou em 1926.


1923 – O Despertar
Órgão do Centro Republicano de Sintra (Grémio Sintrense). José Alfredo foi secretário da Direcção. Dirigido pelo grande republicano António Duarte da Silva Sousa, industrial de mármores das Lameiras e presidente da Câmara da Sintra antes do 28 de Maio.
Recorda as prisões que foram efectuadas em Sintra após a morte de Sidónio Pais. Muitos republicanos presos e espancados. O jornal acaba a 29 de Janeiro de 1927, por causa da censura.


1923 – O Estudante
Manuscrito, saíram apenas 2 números.


1924 – Gazeta Sportiva
Vida efémera. Colaboraram Horácio Pina e António Pereira Forjaz, entre outros.

1924 – A Semana de Sintra
Dirigido por Alfredo Pinto (Sacavém), filho do 1º Visconde de Sacavém, tinha um grande amor por Sintra e vasta obra publicada (Cartas de Sintra).
Referência à vinda de Manuel Teixeira Gomes para o lançamento do chamado Hospital das Murtas. O jornal termina em 1928.

1926 – Sintra Regional
Independente, dirigido por Alfredo Leal, na edição de 27 de Julho desse ano, refere a morte do Dr. Carlos França.
A 15 de Junho de 1929, notícia de José de Oliveira Boléo sobre o abandono lastimoso do Museu de Odrinhas.
Lê-se no nº 168, de 30 de Agosto de 1929, a notícia da abertura da 2ª Exposição “Sintra Agrícola, Pecuária e Industrial”, em Seteais, com a presença de Óscar Carmona.

1926 – Cynthia
Semanário dirigido por Mário Travassos Valdez, com forte intenção regionalista. Publicaram-se apenas 19 números.


1930 – A Folha Ilustrada
Gratuito, propriedade da Eureka, publicidade artística, com sede em Albarraque. Terá publicado apenas 4 números.


1934 – Jornal de Sintra
Fundado e dirigido por António Medina Júnior (Maria Almira em 1983, Veredas década de 90). É o Jornal com maior longevidade e tiragem regular, não apenas de Sintra mas um dos mais antigos do país. Passa pelas suas páginas muita da História de Sintra do séc. XX. Grandes colaboradores como José Alfredo da Costa Azevedo (desde o nº 2); João Martins da Silva Marques; Francisco Costa; Augusto Maximiano Pedrosa da Silva; Consiglieri Pedroso; José Cardim Ribeiro; Vitor Serrão; Eugénio Montoito; Miguel Real; Jorge Telles de menezes, Fernando Morais Gomes, e eu próprio, com colaboração assídua desde os meus 17 anos e do qual fui, com muita honra, director.


1938 – O Mastronço
Jornal carnavalesco, número único.

1939 – O Concelho de Sintra
O segundo periódico com este nome. Órgão da Comissão Concelhia da União Nacional, logo no 1º número surgem os retratos de Carmona e Salazar.
No nº 8, a 24 de Abril, noticiava que estaria para breve a construção do teleférico para a Pena, obra que nunca se realizou e de que ainda hoje se fala. O jornal acabou em 1941.


1937 – União Sintrense
Pequeno jornal de número único, saiu como suplemento do Jornal de Sintra, por altura das comemorações dos 60 anos da Sociedade União Sintrense. Colaboradores: Alberto Totta, Carlos Araújo, António Medina, José Alfredo, Francisco Costa, Pereira Forjaz, etc.


Década de '40 – O Estudante de Sintra


1944 – O Escuteiro de Sintra


1945 – Fraternidade Colectiva


Na actualidade

Rádios:

1986 – Rádio Clube de Sintra
Fundada num sótão de Sintra, obtém alvará a 30 de Março de 1989, começando as suas emissões legais através da frequência 91.2 FM. Pertença do grupo Tipografia Medina, sob a liderança de Maria Almira Medina, passa, no início da década de 90, para a Veredas – Cooperativa Cultural de Sintra. A rádio conhece, então, anos de grande implantação junto do público com Paulo Parracho como director de antena. Hé cerca de cinco anos, a rádio passou para os actuais proprietários.

1987 – Rádio Ocidente
Nesse ano, um grupo de jovens inicia as emissões dentro de uma roulotte, em Casais de Mem Martins, entre os quais se contavam o Rui Teixeira, juíz do caso Casa Pia, e Jorge Manuel Tavares. Em 1989 obtém alvará e começam as suas emissões regulares e legais em 88.0 FM. Vendida a antena ao grupo Renascença, há poucos anos, a Rádio Ocidente continua, no entanto, a emitir via Internet, graças ao empenho de Jorge Tavares.

Revistas:

Sincas
Anos 90, dirigida por Manuel do Cabo, e que se dedicava à vida social dos concelhos de Sintra e Cascais.

Sintra Regional
Fundada por Maria Almira Medina e Idalina Grácio, foi a mais prestigiada revista informativa de Sintra.

Jornais:

A Pena
Uma referência especial para o Jornal A Pena, propriedade, juntamente com a Rádio Ocidente, do Eng.º Ferreira dos Anjos, foi um dos mais importantes órgãos de comunicação social do seu tempo.

Outros Jornais
Jornal da Região
Correio de Sintra
Correio da Cidade
Correio da Linha
Cidade Viva
Vila Saloia
Actual Sintra
Sintra Desportivo
Notícias da Terrugem

5 comentários:

  1. Informo que existe ainda um jornal que se publica há 8 anos e que é pertença da Cruz Alta - Associação Cultural Cristã de Sintra. O jornal é mensal, chama-se Cruz Alta, está no Facebook e pode ser acedido em www.paroquias-sintra.net

    Parabéns por este excelente trabalho que eu tomei a liberdade de guardar para mim. Como elemento da direcção do jornal e autor de artigos sobre Sintra, gostaria de saber se vêm algum inconveniente em que utilizasse alguma desta informação para publicar no Cruz Alta, com a indicação da fonte. Um grande abraço.

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  2. Caro Guilherme, obrigado pelo seu contributo. Não vemos qualquer problema na utilização desta informação, com a indicação da fonte. Um abraço.

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  3. Caro João Rodil

    No âmbito de uma pesquisa que estou a levar a cabo sobre o António Medina Júnior acabei por ir parar ao Vosso Blogue e à resenha da comunicação social em Sintra que li com redobrado interesse.
    Pareceu-me no entanto que nos anos cinquenta faltará mencionar o jornal «A Voz de Sintra» de que era proprietário e director o Dr. Paulo Carreiro (julgo que da UN) e subdirector e principal redactor um tal Etelvino Cunha Sotto Maior que morava na rua Tomé de Barros Queiroz e era popularmente conhecido pelo «pão e azeitonas» por, dizia-se, num artigo de fundo ter escrito que o trabalhador português ficava muito bem com um pedaço de pão e um punhado de azeitonas.

    Encontrei há dias à venda na internet o nº 53 de A Voz de Sintra de 8/8/53 (nº90 II Ano)


    http://www.custojusto.pt/Evora/2440781-Jornal+A+Voz+de+Sintra+1953.htm

    Um abraço,

    Agnelo Roneberg

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  4. Boa tarde, do que vejo, falta referir uma época do jornal "Progresso de Cintra" A. 1, nº 1 (12 nov. 1910) - série 3, a. 1, nº 38 (20 dez. 1922), existente na biblioteca Geral da Universidade de Coimbra tem.

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