segunda-feira, 25 de abril de 2011

Os Bailes do Nosso Contentamento




Arte. Esplendor. Amor. Competição e trabalho. Muito trabalho. Estou a falar do tradicional Baile das Camélias.

Foi há 70 anos, em 1941, que se realizou a primeira edição deste evento que rapidamente se tornou numa das mais importantes festas de Sintra. A sala da Sociedade União Sintrense, o Garrett, era pequena para acolher as muitas e muitas centenas de pessoas que ali acorriam para se deslumbrar com o magnífico trabalho dos jardineiros sintrenses, para dançar ao som dos melhores conjuntos musicais e aplaudir alguns dos mais conceituados artistas nacionais.

Com a sala a “rebentar pelas costuras” a festa prolongava-se noite fora até de madrugada. Era curioso ver a multidão que aguardava nas ruas, ao nascer do sol, pelo primeiro autocarro da manhã e do primeiro comboio que os transportasse de regresso às suas terras.
Com o decorrer dos anos, com o declínio dos bailes nas colectividades e com aparecimento de novas fontes de diversão o Baile das Camélias começou a perder a importância que até aí tinha alcançado.

A deterioração da sala, a falta de dinheiro para fazer as obras que se impunham, a mudança de hábitos, o abandono a que algumas quintas foram sujeitas e o consequente número de cameleiras, que deixaram de ser tratadas e o quase desaparecimento dos jardineiros que se interessavam por esta festa deram ao Baile das Camélias a machadada final, ao ponto de durantes alguns anos não se ter realizado.

A Câmara Municipal de Sintra, de há alguns anos a esta parte, em concertação com a direcção da Sociedade União Sintrense, recuperou esta tradição e os bailes foram retomados, embora sem o fulgor de tempos passados.

As camélias são muito menos e os jardineiros também, mas o importante é que a festa continua e tem vindo a melhorar de ano para ano.

No passado dia 19 de Março, (dia do pai), a data tradicional para a realização deste evento, o Baile das Camélias voltou a chamar muito público à sala do velhinho Garrett . Progressivamente a arte e o esplendor regressam a esta prestigiada colectivade. Falta que regressem em força também os jardineiros e as camélias.

Também o Baile da Rainha, outra velha e prestigiada tradição sintrense ligada à Sociedade Filamónica os Aliados, vulgarmente conhecidos como “Os Caracóis”, foi este ano reavivado esperando-se que tenha sido o ponto de partida para a recuperar completamente e voltar a conquistar a grandiosidade que teve e o interesse e o carinho que os sintrenses sempre lhe dedicaram.

Sintra precisa de recuperar as tradições perdidas. O executivo camarário está empenhado em consegui-lo falta apenas que a população responda com a sua presença maciça nestas realizações.
As tradições são um património importante. Um património cultural e um testemunho da nossa identidade e das nossas raízes que não podem ser perdidas.

Guilherme Duarte

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